"Quando você fixa
um padrão, dizendo que a criança é inteligente ou boa naquilo, ela se preocupa
em manter esse lugar e prefere não assumir novos desafios. Não se arriscar em
algo que ela não sabe se será boa", conclui a psicóloga Carol Dweck
A psicóloga americana Carol Dweck estuda
como as pessoas são afetadas pelo que é dito a elas sobre suas
capacidades. Quando estava na Universidade de Columbia
(agora ela dá aulas em Standford), Carol realizou um estudo com 400
alunos do sexto ano. Funcionava assim: um membro de sua equipe
escolhia um aluno qualquer e lhe pedia para realizar alguns testes de
conhecimento apropriados para sua idade.
Quando a criança terminava, o pesquisador falava para ela sua
pontuação e uma única frase. A um grupo de crianças, foi dito: “Você é muito
bom nisso!”. Ao outro: “Você deve ter trabalhado muito nisso!” Depois, os
alunos eram convidados a solucionar uma segunda bateria de testes e problemas.
Eles podiam escolher entre problemas do mesmo nível dos anteriores ou tentar
solucionar problemas mais difíceis.
Entre as crianças elogiadas por seu esforço (“Você deve ter
trabalhado muito nisso!”), 90 % escolheu fazer testes mais difíceis. Já a
maioria das crianças elogiadas por sua capacidade ou inteligência (“Você é
muito bom nisso!”) preferiu ficar no mesmo nível. “Quando você fixa um padrão,
dizendo que a criança é inteligente ou boa naquilo, ela se preocupa em manter
esse lugar e prefere não assumir novos desafios. Não se arriscar em algo que
ela não sabe se será boa”, concluiu Carol. Já aqueles elogiados por seu
esforço, acreditam que podem avançar e se aventuram com mais confiança.
“O elogio é de extrema importância para os filhos, em
qualquer idade”, diz a psicóloga Rosana Augone. “Faz com que as crianças
desenvolvam a autoestima e se sintam reconhecidas pelas pessoas que mais amam:
seus pais.” Não há dúvidas quanto a isso. A questão é que atitudes elogiar – e
de que maneira. A jornalista americana Pamela Druckerman foi morar em Paris e
sua comparação entre a educação dada às crianças na França e nos Estados Unidos
resultou no livro “Crianças Francesas Não Fazem Manha”, da editora Fontanar.
Segundo ela, os franceses confiam na capacidade dos filhos, tentam ouvi-los
atentamente e incentivá-los a descobrir as coisas por si mesmos, mas não passam
o tempo todo pendentes de suas atividades ou elogiando-os sem parar. E isso faz
com que as crianças francesas sejam mais tranquilas. “Uma criança que recebe
elogios o tempo todo termina por se sentir o centro do mundo e acha que pode
interromper a qualquer momento ou fica constantemente querendo atenção”, diz.
Segundo a terapeuta de casal e família Magdalena Ramos,
autora do livro “E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos”, da
editora Ágora, por vezes ocorre uma banalização do elogio. “Esse estímulo
deveria ser utilizado para reforçar o amadurecimento e o empenho da criança. Um
elogio soa verdadeiro quando é a reação a uma conquista. Mas se a criança faz
uma coisa qualquer e a mãe fica dizendo para tudo “Que lindo!”, ele se torna
vazio”, explica. Veja, a seguir, algumas dicas de Magdalena para acertar na
dose.
Para
ler, nos itens abaixo:
E,
também, é claro, para valorizar os avanços de seu filho. Uma criança que
consegue largar a chupeta, ir ao banheiro sozinha pela primeira vez, ou realizar
uma tarefa que antes não era capaz de fazer, merece reconhecimento. Desse modo,
você o incentiva a se desenvolver, a ganhar autonomia.
O
elogio também mostra os valores que sua família considera positivos. Avalie
quais são eles: uma gentileza, o fato de a criança ser educada com alguém, a
generosidade, o fato de ela ter uma boa postura como estudante?
O
esforço pode ser elogiado mesmo que o objetivo não seja conquistado
integralmente. Se seu filho não tirou 10, mas realmente estudou e se empenhou em
uma prova, vale o reconhecimento. Se ele competiu e não ganhou, mas deu o seu
melhor, idem. Desse modo, a atitude é reforçada.
É
elogiável que a criança consiga lidar com suas frustrações e decepções de modo
maduro. Se uma criança de três anos ficou chateada por não conseguir uma coisa,
mas não fez um escândalo, não começou uma birra e aceitou um não, os pais podem
lhe fazer perceber que consideraram boa sua atitude.
Por
mais que você ache seu filho o máximo, tente não ficar lhe dizendo o tempo todo
"que lindo!", "como você é inteligente!", "você é o
máximo". Esse tipo de rótulo acaba sendo tão prejudicial quanto o
contrário ("você é burro", "você é mau"). Tente marcar sua
aprovação ou desaprovação com relação às atitudes, não à pessoa. Se seu filho
se achar o máximo, pode se tornar pouco seguro para arriscar e tentar coisas
novas. Ele vai procurar agir apenas para "garantir o seu lugar".
É
importante valorizar as conquistas e esforços da família. Se um irmão
conquistou algo, vale fazer o elogio publicamente. Se foi o pai ou a mãe,
igualmente. É importante reconhecer o esforço e celebrar as conquistas no
âmbito familiar.
Você
pode optar por dar ao seu filho uma recompensa (um presente, uma ida ao cinema
ou um doce) se quiser reforçar uma atitude. Mas não faça disso algo
corriqueiro. Tanto o elogio quanto a recompensa devem ser resultado de uma
verdadeira conquista.
EDUCAÇÃO INFANTIL
Você sabe
lidar com as frustrações dos seus filhos?
Faça o teste elaborado com a colaboração da
psicopedagoga Itamara Teixeira Barra e descubra!
Click no link abaixo e faça o teste.
Educar para crescer: